13/04/09

Nativos Digitais versus Imigrantes Digitais - Comentário e Intervenções no fórum

Ao longo desta actividade, que se traduziu em trabalho de pesquisa, leitura, trabalho de grupo colaborativo e discussão em fórum sobre o trabalho dos vários grupos, tenho a referir que a aprendizagem foi maior pela partilha de opiniões no grupo, mas também pela análise dos restantes trabalhos que, diferentes na sua apresentação e de certa forma na abordagem do conteúdo possibilitaram um enriquecimento da discussão a ser feita. As intervenções foram muito boas pelo carácter positivo e de crítica construtiva. Foi a primeira experiência em trabalho de grupo assíncrono e achei que foi marcante pela novidade e sucesso, a meu ver.
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Intervenção por Paula Simões - Sexta, 20 Março 2009, 16:38 Dando alguma continuidade ou fazendo uma reflexão sobre o que refere o colega Pedro, "Existem sim, diferenças de natureza económica, cultural e social que impedem esse isomorfismo cultural, inclusive questões básicas relacionadas com o acesso aos equipamentos informáticos ou à internet". A aprendizagem não se pode realmente centrar nos critérios e interesses do aluno e nós, professores, ainda vamos conseguindo manter essa mesma aprendizagem num patamar aceitável de exigência. No entanto, o aluno é nativo e como tal faz uma aprendizagem exterior à escola à qual muitas das vezes não conseguimos chegar. Chegam mesmo a "desaprender" o que correctamente assimilam na escola, porque o exterior é mais forte e é feito num e por um grupo global de forte influência. Apercebo-me que a falta de acesso muitas das vezes aos equipamentos sobretudo fora da escola, em situações em que não há uma orientação, uma monitorização, podem até ser uma mais valia. Como também refere o Pedro, e muito bem, a tecnologia não pode ser um elemento chave no processo educativo. Os alunos vão levando o seu próprio caminho na utilização das ferramentas e diriamos de forma muito integrada mas... e este mas eu sublinho, como é referido em mais que um trabalho dos grupos, esse aluno não tem a proficiência para levar adiante a boa aprendizagem. Ele faz a pesquisa, não por critérios válidos para a aprendizagem pretendida, mas segundo o seu interesse. Se a essa altura ele tem um orientador, nativo ou imigrante, a situação serve para colmatar a falha e o aluno encontra o bom caminho. Se o guia não está presente, o trabalho vai finalizar-se de forma algo ao "sabor" dos caos e da sua vontade. O aluno não sabe utilizar o que pesquisou para aplicar a uma situação, ele não sabe muitas vezes o que pesquisar face a situações de interrelação mais complexas, porque lhe falta a vivência, a capacidade de análise e muito mais. Essas capacidades crescem com a vida e a constante aprendizagem. Agora...onde entram os valores? Muito haveria aqui a dizer-se, porque teriamos de nos dividir em grupos de trabalho exaustivo para encontrarmos os verdadeiros valores e príncípios que supostamente os nativos digitais, estudantes digitais, jovens desta era tecnológica deveriam desenvolver, adquirir, manifestar.
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Intervenção por Carlos Raminhos - Quinta, 26 Março 2009, 19:17
1. De nativo analógico a imigrante digital?Em 1965, veio parar às minhas mãos (não me lembro quem me ofereceu) um gravador, um pequeno gravador de fita. Como a rádio era o principal meio de comunicação, com ele tentava “imitar” alguns programas. Escrevia o texto, gravava-o e às vezes gravava umas músicas que apareciam por lá de uma forma aleatória. Tinha eu 12 anos e, agora, a esta distância, acho que estava no pelotão da frente das “novas tecnologias”. Acho que era mesmo um fugitivo, utilizando uma metáfora das provas de ciclismo. Mais tarde, apareceram os rádios com gravador de cassetes e giradiscos. Já podia copiar alguns álbuns inteiros de música que passavam num dos canais de rádio em “estereofonia”. Continuava um fugitivo. Com o passar dos anos fui modernizando os equipamentos, tentei manter o ritmo, mas a pouco e pouco deixei de estar no grupo da frente. Principalmente nos anos mais recentes em que as formas de comunicação se diversificaram tanto. Por vezes, olho para a frente para ver onde vão os novos fugitivos e mantenho-me no pelotão. Utilizo o e-mail, contudo ainda gosto de escolher o papel de carta, colar o selo e ir a uma estação dos Correios.2. Centros de interesseDecroly, nascido em 1871, fundou uma pedagogia baseada nos centros de interesse dos alunos. Feita a escolha do tema principal, os alunos devem procurar tópicos secundários e estudá-los. O interesse não exclui de modo algum o esforço. Se o interesse é aquilo que procura uma satisfação para a curiosidade, então o aluno dispõe-se a aceitar o esforço para atingir a aprendizagem. Esta curiosidade pode também ser suscitada pelo professor, motivando-os para novos conhecimentos. Uma pedagogia fundada no interesse não repousa na passividade do professor. O interesse torna os alunos activos e produtivos, o que pode ser considerado uma forma de sabedoria. 3. Preparação para o futuroOs nativos digitais estarão mais bem preparados para o futuro se todos nós quisermos que o futuro seja essencialmente tecnológico. O que pretendemos do futuro? Que tipo de sociedade pretendemos que haja nos próximos anos? As tecnologias foram e são essenciais à sobrevivência humana, mas não deverão ser um fim em si. Edgar Morin, Os sete Saberes Necessários à Educação, refere que se deve ensinar a condição humana e a escola deverá preparar os alunos para afrontar as incertezas: “haverá que ensinar os princípios de estratégia” e é “necessário aprender a navegar num oceano de incertezas através de arquipélagos de certezas”. [] Carlos Raminhos
  • A primeira intervenção escolhida relacionou-se com o tema que estava a ser discutido, isto é, a importância que eu frizo de a aprendizagem não dever ser centrada nos critérios e interesses do aluno, bem como a necessidade dos professores orientarem e monitorizarem aquela, de modo a colmatar as falhas ao nível da proficiência do alunos. Se estes não são orientados, o seu trabalho deriva realmente para os seus interesses de forma caótica, incoerente, sem objectivos educativos. Face à aprendizagem exterior à escola que o aluno realiza, o papel de um professor é muito importante.
  • A segunda intervenção retrata na perfeição o passado, presente e o futuro das gerações. A rapidez com que a tecnologia invadiu os nossos espaços, o conflito dos imigrantes digitais entre o mandar um mail ou uma carta de correio, as dificuldades de relacionamento entre os nativos e os imigrantes quando se trata de aprendizagem com a utilização das tecnologias. Para terminar em grande fica a mensagem, o futuro é incerto mas é “necessário aprender a navegar num oceano de incertezas através de arquipélagos de certezas”.

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