26/04/09

Construção da identidade social nos adolescentes no contexto online

No que diz respeito à ligação entre a construção da identidade e a ligação ao mundo virtual, os constrangimentos como o corpo, sexo biológico, raça, idade, tiveram um profundo efeito na auto-definição e auto- apresentação, tendo-se muitos destes atributos tornado flexíveis nos ambientes on-line. Eles tornam possível ao adolescente explorar a sua identidade pela linguagem, simulação e personagens que assume, tendo muitos amigos on-line com quem confortavelmente partilham informação sobre si próprios. Construir desta forma a identidade pode ser um processo contínuo e, quando nomeadamente os blogs criados pelos jovens, permitem um feed-back isto ajuda a criar as relações de grupos de igual. Os weblogs representam actualmente um novo meio para a comunicação mediada por computador e fornecem algumas pistas sobre a auto-expressão do adolescente. No meio virtual, a identidade é flexível, dado o possível anonimato, e o jovem, fazendo do blog um diário pessoal, permite-se escapar à confusão em assumir o ser-se adolescente. Ele cria, inventa, contrói de forma criativa e inovadora o que para ele é mais confortável de se sentir. É interessante a forma como os jovens se manifestam através dos blogues ou páginas pessoais. Os blogs possuem características que permitem uma fácil manipulação:
  • são fáceis de usar, não sendo necessários conhecimentos em HTML;
  • as formas de arquivar a informação e conhecimento facilitam o seu acesso;
  • oferecem oportunidades para os outros comentarem e darem assim um feed-back;
  • promovem uma comunidade on-line pela possibilidade da presença de links para outros blogs;
  • Possuem facilidade de manutenção e criação sem necessidade de recorrer a um técnico;

Numa análise a vários blogs e após estudos vários, chegou-se à conclusão de que existem diferenças na sua criação, apresentação e linguagem tendo em conta o género.

Um outro aspecto interessante é a forma como os jovens comunicam na impossibilidade dos gestos corporais, expressões faciais, vitais para expressar a opinião e as atitudes. Eles usam os imoticons, famosos smiles, grafismos mais utilizados pelas raparigas no seu discurso, o que pode reflectir a maior predisposição para os rapazes "negarem" os seus sentimentos. Estes utilizam um estilo de linguagem mais directo e intimista, enquanto que os elementos femininos apresentam uma maior timidez e baixa auto-estima, usando eufemismos como fuga às questões, utilizando a linguagem de uma forma bem mais passiva e até mesmo cooperativa.

No que se refere à identidade sexual, o espaço on-line favorece, pela sua flexibilidade e anonimato a expressão sexual dos jovens, bem como a sua exploração.

Em torno de todo este potencial proporcionado nomeadamente pelos blogs, acrescenta-se o perigo que representa a possibilidade de contacto com estranhos e as consequências que daí possam advir. Este aspecto está relacionado com o facto de, através do blog, os jovens poderem ser contactados on-line de variadas formas.

Consistente com a teoria de Erikson, criar uma página pessoal ou um blog relaciona-se também com sentimentos de mestria ou competências. Muitos dos jovens que criam páginas pessoais ou blogs dizem-se orgulhosos das suas habilidades que se definem, tendo em conta o uso de gráficos, existência de links, interesses, a presença explícita de valores e referências a hobbies ou desporto. Mais uma vez estas definicões variam consoante o género. Esta mestria é experienciada na criação e conteúdo do recurso construido.

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Huffaker, D.; Calvert, S. (2008). Gender, Identity and Language Use in Teenage Blogs. In Journal of Computater-Mediated Comunication, 10 (2), article 1.

Schmitt, K.; Dayanim, S.; & Matthias, S. (2008). Personal Homepage Construction as an Expression of Social Development. In Development Psychology, 44 (2), 496-506.

Schoen-Ferreira, T.; Aznar-Faria, M.; Silvares, E. (2003). A construção da identidade em adolescentes: Um estudo exploratório. In Estudos de Psicologia, 8 (1), 107-115.

http://lakshmibharadwaj.blogspot.com/2007/09/why-do-teenagers-blog.html

17/04/09

Identidade Social na Adolescência - Intervenções no fórum

Intervenção por Paula Simões - Quinta, 2 Abril 2009, 23:25
Dada a presença de textos tão completos, vou ficar mais por uma opinião, após a leitura dos textos obrigatórios, o complementar e um outro que encontrei. Esta temática fascina-me, até porque como coordenadora TIC e formadora encontro muito do que li. “We are those struggling souls, caught between childhood and adulthood, struggling on a path of self-discovery. That’s why we need a blog. We need to voice ourselves, it gives immense relief” A partir do momento em que a tarefa mais complexa e importante da adolescência é a construção da sua identidade, segundo Erikson, o jovem vive esta fase de forma instável, e de avanços e recuos. Caracteriza-se em termos interpessoais como auto-definição, personalidade, papéis, valores pessoais e morais. Ora, as possíveis limitações como sexo biológico, o corpo, raça, idade que têm um grande efeito na construção da sua identidade, aparecem camufladas pelo potencial das tecnologias por eles utilizadas, nomeadamente os blogs e as páginas pessoais. Com a apresentação de um blog como um diário pessoal, com as possibilidades de feed-back através dos comentários, o adolescente exprime-se no sentido que mais precisar, quero eu dizer, naquele que à partida não lhe cria “perigo” de marginalização no grande grupo de iguais. No entanto, ele expõe a sua vida, extravaza incertezas e busca um reflexo que vai contribuir para a sua auto-imagem. Chega-se ao cúmulo de ser possível o jovem criar uma personagem que lhe permite explorar a sua identidade, mas que nem corresponde à realidade. O jovem acaba por fazer prevalecer a expressão linguística, com características únicas em que a utilização dos imoticons, icons gráficos, ou os acrónimos, são uma constante. Porquê os blogs? São fáceis de utilizar e não carecem de técnicos para o manterem ou criarem. Apesar de existirem diferenças de género, em termos de expressividade e conteúdo, as potencialidades de anonimato são enormes, e a possibilidade do jovem explorar a sua identidade de forma até mesmo criativa e inovadora são uma verdade. Cabe ao jovem ter o discernimento, se é que posso neste contexto de construção de uma identidade num ser em desenvolvimento usar o termo. Cabe ao jovem discernir, de forma até inconsciente a melhor forma de aproveitar o recurso que tem pela frente, seja um blog ou uma página pessoal. Leitura extra - http://lakshmibharadwaj.blogspot.com/2007/09/why-do-teenagers-blog.html
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Estudo de caso Intervenção por Paula Simões - Sexta, 3 Abril 2009, 00:18
Escrevi num portal - blogues de adolescentes e entrei no primeiro Blog : Desabafos de uma adolescente: http://malucadanet.blogs.sapo.pt/ que começa assim: - Olá, bem vindos ao meu blog - Deixa um comentário e deixa uma mensagem escrita no mural - Além de tudo diverte-te com a minha vidinha - Jinhux...***swak*** O aspecto gráfico de entrada não é dos melhores, mas o interior/conteúdo é um must. Nele está implícito e até explicito tudo aquilo a que os textos que lemos se referem. Um típico diário pessoal. A caracterização pessoal plena de uma linguística adaptada (Amigos..: Sãö a cöisa mais preciösa**A minha melhör amiga chama-se Jöana! =P friends 4ever ) Depois de passear pelo blogue da Sara, não resisti a fazer uns excertos que denotam a forma como a jovem partilha e abre a sua vida ao mundo, apesar de algures dizer-se anónima. Poder-se-ía dizer que aqui abundam os avanços e recuos da construção da identidade da jovem e a forma expressiva como ela comunica e se auto-define em alguns momentos de forma paradoxal(a bold aspectos que destaco). Citando: “Hoje revi a Joana e o resto da matinha lá da escola e acho que foi como se tivessemos estado aqueles dias juntas (...)Parece que não é preciso contar-lhe os promenores, porque ela os sabe. Conhece-me melhor do que eu própra me conheço. Na verdade, acho que não me quero conhecer. Sei os meus limites e os meus medos... isso chega...” “Não tenho tido muito tempo para ler os blogs deste mundinho ao qual chamamos blogosfera. De certo modo esta é uma grande família à qual pertencemos e é neste cantinho em que partilhamos experiencias (não muita, no meu caso) e falamos do nosso dia-a-dia sem problemas nem perconceitos. Apesar de parecer idiota é muito mais fácil desabafar com quem não pode responder directamente às nossas lamúrias e nos contradizer (...) apesar de aqui sermos pessoas completamente anónimas que se podem fazer passar por quem quer que seja é muito mais fácil acabarmos por sermos falsos na vida real do que aqui, exactamente porque aqui ninguém nos conhece. Mesmo que sejamos feios, parvos, burros, brutos, antipáticos há sempre alguém que vai gostar de nós por nós próprios e é isso que eu gosto na internet e mais particularmente nos blogs, onde encontro uma solidão agradável e escrevo no silêncio do bater das teclas, sem vozes nem confrontos à minha volta. Não vivo sem o meu computador e sem internet, pois aqui é que eu sou e posso sempre ser quem realmente sou. "Pelos vistos tenho bulimia misturado com anorexia (ou seja, como pouco e quando me obrigam a comer mais começo aos vomitos, mesmo sem ter a intenção de o fazer)(...) Não foi propriamente difícil revelar isto no blog... mas parece que dizer isso na cara de alguém é bastante mais complicado..." O blogue é muito rico de conteúdo e comunicação com a presença de links até para um outro blogue dela. Interessante a forma como refere o anonimato quando em qualquer dia em que coloca informação e é quase todos os dias, ela se define em termos de identificação. Refere que, no caso dela não partilha muitas experiências, mas o blogue é um acumular quase mesmo diário de experiências descritas ao pormenor. A forma como a língua portuguesa ao nível sobretudo ortográfico se encontra releva para a tal falta de proficiência dos jovens digitais. Considero que para análise de um blogue tipicamente feminino em fase de construção da identidade adolescente é de visita. Falta tentar encontrar na blogosfera um espaço masculino que venha de encontro ao que designa Erikson quanto à diferença de género, quem sabe encontrado por um colega *Paula
  • Aquando da primeira intervenção aqui referida, considero que, após toda a leitura efectuada e textos alongados/sínteses colocadas por colegas, achei por bem fazer referência a aspectos que considerei mais marcantes. O facto de os blogs servirem como um diário com possibilidade de feed back e contributos para a construção da auto imagem do jovem. Por outro lado, a referência ao potencial do anonimato e ao sentido prático em termos técnicos que é o blog. Junto a isto o facto de ter feito pesquisa extra que ajuda a fundamentar de forma mais intensa, a opinião.
  • Quando analisamos determinada temática, à luz de certas teorias e tendo em conta opiniões e reflexões, creio que o estudo de caso vem comprovar, combater ou levar a mais pesquisa a nossa opinião formada sobre o tema em causa. Neste caso, quando se está a analisar a formação da identidade dos adolescentes, e a forma como a utilização nomeadamente dos blogs interfere nessa formação, nada como um estudo de caso. Depois de tanta leitura e análise procurei blogues de adolescentes e o que refiro aqui possibilita a observação de muitos dos aspectos que foram referidos ao longo dos temas no fórum. É feita referência à linguagem utilizada, a partilha de experiências, o diário feminino típico. Por outro lado faço a proposta para que algum colega encontre um blog masculino, já que nas nossas leituras foi sendo feita sempre uma comparação de género.

15/04/09

Identidade Social na Adolescência - Comentário e Reflexão

Competências a desenvolver: Reconhecer as características do processo de construção da identidade social nos adolescentes no contexto online. Actividade: Discussão do processo de construção de identidade na Adolescência

Comentário: Após duas actividades diferentes quer no conteúdo quer na estratégia de trabalho, surge esta que implicou a leitura de textos individual, uma autoreflexão e partilha com o grupo. A temática era a meu ver muito interessante e actual, pelo que a discussão gerada foi rica em intervenções e interactividade. Nota-se muita energia em todo o fórum, garantia do empenho e motivação do grupo.
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A identidade é uma tarefa central que se inicia na infância e termina com o culminar de uma vida. O papel da identidade no desenvolvimento da adolescência tem sido muito importante, mais especificamente, a capacidade de refletir sobre o próprio pensamento e, consequentemente, sobre uma auto imagem, acrescentando uma nova dimensão à auto-descoberta, em especial, de uma identidade sexual. É geralmente caracterizada em termos de características interpessoais como a auto-definição, traços de personalidade, os papéis e as relações na interacção e valores morais e pessoais.
Por outro lado, é nesta fase que se consolida a identidade pessoal e psicossocial.
Os adolescentes confrontam-se, através de uma crise potenciadora de energias, com uma problemática identitária . É também com uma certa desorientação entre avanços, hesitações e recuos que se fazem importantes experimentações de afirmação do ego, na construção de identidade.
Cada um de nós constrói o seu "eu" através de "outros significativos", das interacções relacionais, reais e fantasiadas. A identidade constrói-se nas experiências vividas através de um subtil jogo de identificações.
Segundo Erikson, a amizade é muito investida ao nível dos afectos. O melhor amigo do mesmo sexo é normalmente alguém com quem se partilham grandes inquietações. É como um espelho estruturante onde o adolescente se reconhece reflectido, onde se vê crescer. O grupo de pares pode ter como função apresentar modelos de identificação positiva para o adolescente. Erikson refere também a certeza que o grupo pode trazer às incertezas do adolescente. No entanto, pode apresentar alguns riscos negativos, sobretudo quando a relação com o grupo é de grande dependência. No final da adolescência o jovem obtém uma "identidade realizada", ele será capaz, como diz Erikson, de sentir uma "continuidade interna" e "uma continuidade do que ele significa para as outras pessoas".
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14/04/09

Cultura Digital - Terminologia: Comentário e reflexão

Competências a desenvolver: adquirir competências no uso da terminologia utilizada e dos conceitos associados à cultura dos nativos digitais. Actividade: de forma transversal, foi feita a construção de um glossário pela turma.

Comentário e reflexão - Quando a nossa prática educativa necessariamente invereda pelas tecnologias, isso implica uma constante actualização dos termos utilizados e que a cada dia se ampliam em número. Esta actividade algo dissolvida nas outras, possibilitou, sem grande esforço, a criação de um glossário acessível a todos os estudantes e de grande utilidade. Mais termos poderia ter, embora os constantes da actividade sejam um acrescento a muitos que suponho já eram de conhecimento geral. Por outro lado, o facto desta actividade ter sido feita de início garantiu o conhecimento de termos que acabaram por ser utilizados em outras unidades curriculares, como o caso de "avatar" ou peer -2 - peer. Assim, considero ter sido um ganho muito grande, esta actividade, pela forma como foi conseguida e no tempo em que aconteceu. Apesar de me terem proposto três termos para contribuir para o glossário, tive a curiosidade de fazer uma leitura atentada aos restantes de modo a poder ganhar ainda mais com esta actividade.

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Profit/$$ por Paula Simões - Domingo, 29 Março 2009 O conteúdo e a organização dos sites comerciais é muitas vezes concebido com rentabilidade como um dos principais factores. Esta motivação com base no lucro pode ter impacto na experiência dos utilizadores dos websites

Real-Time por Paula Simões - Domingo, 29 Março 2009 Relaciona-se com uma actualização tecnológica que pode sustentar-se com base na comunicação por texto ou Internet, a um grau muito próximo de uma interacção pessoal. Um sistema em tempo real, pode ser aquele onde a sua aplicação pode ser considerada critica na sua consecussão, tendo em conta o tempo de acção

Revver por Paula Simões - Domingo, 29 Março 2009 É um serviço de partilha de videos gerados apenas pelo usuário que é pago pelos videos a que faz upload (50/50). Os vídeos podem ser exibidos, descarregados e partilhados em toda a web. Revver é uma plataforma de publicitação de videos que pode permitir a um terceiro elemento construir o seu próprio site Revver. Aqui este terceiro elemento também é pago numa proporção de 40/40/20.

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http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/glossary/view.php?id=89598

http://www.digitalnative.org/wiki/Glossary

13/04/09

Nativos Digitais versus Imigrantes Digitais - Comentário e Intervenções no fórum

Ao longo desta actividade, que se traduziu em trabalho de pesquisa, leitura, trabalho de grupo colaborativo e discussão em fórum sobre o trabalho dos vários grupos, tenho a referir que a aprendizagem foi maior pela partilha de opiniões no grupo, mas também pela análise dos restantes trabalhos que, diferentes na sua apresentação e de certa forma na abordagem do conteúdo possibilitaram um enriquecimento da discussão a ser feita. As intervenções foram muito boas pelo carácter positivo e de crítica construtiva. Foi a primeira experiência em trabalho de grupo assíncrono e achei que foi marcante pela novidade e sucesso, a meu ver.
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Intervenção por Paula Simões - Sexta, 20 Março 2009, 16:38 Dando alguma continuidade ou fazendo uma reflexão sobre o que refere o colega Pedro, "Existem sim, diferenças de natureza económica, cultural e social que impedem esse isomorfismo cultural, inclusive questões básicas relacionadas com o acesso aos equipamentos informáticos ou à internet". A aprendizagem não se pode realmente centrar nos critérios e interesses do aluno e nós, professores, ainda vamos conseguindo manter essa mesma aprendizagem num patamar aceitável de exigência. No entanto, o aluno é nativo e como tal faz uma aprendizagem exterior à escola à qual muitas das vezes não conseguimos chegar. Chegam mesmo a "desaprender" o que correctamente assimilam na escola, porque o exterior é mais forte e é feito num e por um grupo global de forte influência. Apercebo-me que a falta de acesso muitas das vezes aos equipamentos sobretudo fora da escola, em situações em que não há uma orientação, uma monitorização, podem até ser uma mais valia. Como também refere o Pedro, e muito bem, a tecnologia não pode ser um elemento chave no processo educativo. Os alunos vão levando o seu próprio caminho na utilização das ferramentas e diriamos de forma muito integrada mas... e este mas eu sublinho, como é referido em mais que um trabalho dos grupos, esse aluno não tem a proficiência para levar adiante a boa aprendizagem. Ele faz a pesquisa, não por critérios válidos para a aprendizagem pretendida, mas segundo o seu interesse. Se a essa altura ele tem um orientador, nativo ou imigrante, a situação serve para colmatar a falha e o aluno encontra o bom caminho. Se o guia não está presente, o trabalho vai finalizar-se de forma algo ao "sabor" dos caos e da sua vontade. O aluno não sabe utilizar o que pesquisou para aplicar a uma situação, ele não sabe muitas vezes o que pesquisar face a situações de interrelação mais complexas, porque lhe falta a vivência, a capacidade de análise e muito mais. Essas capacidades crescem com a vida e a constante aprendizagem. Agora...onde entram os valores? Muito haveria aqui a dizer-se, porque teriamos de nos dividir em grupos de trabalho exaustivo para encontrarmos os verdadeiros valores e príncípios que supostamente os nativos digitais, estudantes digitais, jovens desta era tecnológica deveriam desenvolver, adquirir, manifestar.
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Intervenção por Carlos Raminhos - Quinta, 26 Março 2009, 19:17
1. De nativo analógico a imigrante digital?Em 1965, veio parar às minhas mãos (não me lembro quem me ofereceu) um gravador, um pequeno gravador de fita. Como a rádio era o principal meio de comunicação, com ele tentava “imitar” alguns programas. Escrevia o texto, gravava-o e às vezes gravava umas músicas que apareciam por lá de uma forma aleatória. Tinha eu 12 anos e, agora, a esta distância, acho que estava no pelotão da frente das “novas tecnologias”. Acho que era mesmo um fugitivo, utilizando uma metáfora das provas de ciclismo. Mais tarde, apareceram os rádios com gravador de cassetes e giradiscos. Já podia copiar alguns álbuns inteiros de música que passavam num dos canais de rádio em “estereofonia”. Continuava um fugitivo. Com o passar dos anos fui modernizando os equipamentos, tentei manter o ritmo, mas a pouco e pouco deixei de estar no grupo da frente. Principalmente nos anos mais recentes em que as formas de comunicação se diversificaram tanto. Por vezes, olho para a frente para ver onde vão os novos fugitivos e mantenho-me no pelotão. Utilizo o e-mail, contudo ainda gosto de escolher o papel de carta, colar o selo e ir a uma estação dos Correios.2. Centros de interesseDecroly, nascido em 1871, fundou uma pedagogia baseada nos centros de interesse dos alunos. Feita a escolha do tema principal, os alunos devem procurar tópicos secundários e estudá-los. O interesse não exclui de modo algum o esforço. Se o interesse é aquilo que procura uma satisfação para a curiosidade, então o aluno dispõe-se a aceitar o esforço para atingir a aprendizagem. Esta curiosidade pode também ser suscitada pelo professor, motivando-os para novos conhecimentos. Uma pedagogia fundada no interesse não repousa na passividade do professor. O interesse torna os alunos activos e produtivos, o que pode ser considerado uma forma de sabedoria. 3. Preparação para o futuroOs nativos digitais estarão mais bem preparados para o futuro se todos nós quisermos que o futuro seja essencialmente tecnológico. O que pretendemos do futuro? Que tipo de sociedade pretendemos que haja nos próximos anos? As tecnologias foram e são essenciais à sobrevivência humana, mas não deverão ser um fim em si. Edgar Morin, Os sete Saberes Necessários à Educação, refere que se deve ensinar a condição humana e a escola deverá preparar os alunos para afrontar as incertezas: “haverá que ensinar os princípios de estratégia” e é “necessário aprender a navegar num oceano de incertezas através de arquipélagos de certezas”. [] Carlos Raminhos
  • A primeira intervenção escolhida relacionou-se com o tema que estava a ser discutido, isto é, a importância que eu frizo de a aprendizagem não dever ser centrada nos critérios e interesses do aluno, bem como a necessidade dos professores orientarem e monitorizarem aquela, de modo a colmatar as falhas ao nível da proficiência do alunos. Se estes não são orientados, o seu trabalho deriva realmente para os seus interesses de forma caótica, incoerente, sem objectivos educativos. Face à aprendizagem exterior à escola que o aluno realiza, o papel de um professor é muito importante.
  • A segunda intervenção retrata na perfeição o passado, presente e o futuro das gerações. A rapidez com que a tecnologia invadiu os nossos espaços, o conflito dos imigrantes digitais entre o mandar um mail ou uma carta de correio, as dificuldades de relacionamento entre os nativos e os imigrantes quando se trata de aprendizagem com a utilização das tecnologias. Para terminar em grande fica a mensagem, o futuro é incerto mas é “necessário aprender a navegar num oceano de incertezas através de arquipélagos de certezas”.

12/04/09

Nativos Digitais versus Imigrantes Digitais - Reflexão pessoal

Competência a desenvolver: esboçar o perfil do estudante digital.
Actividade: trabalho de leitura e análise individual associado à realização de uma apresentação em Power Point em grupo e discussão dos trabalhos num fórum.
" À medida que os seres humanos se confundem cada vez mais com a tecnologia e uns com os outros através da tecnologia, as velhas distinções entre o que é especificamente humano e o que é especificamente tecnológico tornam-se mais complexas. Estaremos a viver uma vida no ecran ou dentro do ecran?" (Sherry T., 1995)

Quem é o estudante digital?

O Homem como um ser comunicativo desde cedo recorreu a um conjunto de signos culturais. Deste modo, as sociedades humanas têm sido "sociedades de comunicação", variando o grau de complexidade das tecnologias utilizadas para tal. É muito dificil actualmente imaginarmos uma vida sem telefone, rádio, televisão ou o computador. A utilização crescente destes média provocaram transformações no nosso estilo de vida e levou-nos a considerar a diferença entre aqueles que nasceram na dita era digital e os que não tendo nascido nesta altura tentam se integrar e adaptar a toda a panóplia de tecnologias digitais. Dada a chegada rápida e disseminação da tecnologia digital, verificou-se uma descontinuidade enorme na forma como o desenvolvimento dos jovens aconteceu. O resultado deste desenvolvimento e da interação com ele tem levado a que os estudantes pensem e processem a informação de forma diferente dos seus antecessores. Diferentes tipos de experiências levaram a diferentes parâmetros de pensamento. Actualmente, o nativo digital e mais especificamente o estudante digital diferem do Imigrante a níveis diferentes, nomeadamente na socialização, envolvimento, capacidade de análise, pesquisa, aprendizagem, jogo, avaliação, coordenação, conhecimento de terceiros, criação, troca, compra e venda ou partilha. As crianças são socializadas de forma diferente dos seus pais. Como refere Prensky, citando o NetDay servey 2004, "Students are not just using technology differently today, but are approaching their life and their daily activities differentely because of the technology" . Podemos estabelecer diferenças entre o estudante digital e o imigrante:

  • Como elemento singular, os estudantes são inclusos na era digital;
  • Abertos ao Mundo, à mudança constante e maior complexidade, renitentes perante os desafios, os estudantes são exigentes e autodidactas;
  • Os imigrantes, fechados no seu mundo, tentam adaptar-se embora sempre com um pé atrás, imitam na tentativa de se infoalfabetizarem, mas sempre algo reticente face ao novo e desconhecido;
  • Pensam e processam de forma espontânea e rápida;
  • São interactivos quer com a máquina quer com a rede global;
  • Motivados e criativos, dinamizam a sua acção perante a máquina e perante o Mundo de uma forma exigente;
  • Comunicadores natos que, embora com destreza na utilização das ferramentas simples e superficiais, não as utilizam com proficiência;
  • Socializam e são socializados numa atitude de partilha e envolvência;
  • Adoptam comportamentos em função do contexto de utilização (chat, e-mail, etc);
  • São aventureiros ao testarem os limites e transgredirem as regras definidas;
  • São criadores imaginativos, inventivos na busca de soluções rápidas dos problemas, na medida da sua impaciência;
  • São selectivos em todo o potencial de utilização, permitindo-se agir no que promove a sua motivação

Salvo se se pretender o esquecimento perante a educação dos Nativos Digitais, até que cresçam e aprendam por si, é necessário reconsiderar metodologias e conteúdos.

  • Os professores têm de aprender a comunicar na linguagem dos seus alunos, sem descurar aquilo que é importante em termos de competências;
  • Há que adaptar os conteúdos ligados à escrita, leitura, aritmética, mas também ética, política ou sociologia;
  • Há que criar metodologias diferentes para os vários assuntos a vários níveis, utilizando os estudantes como guias;
  • Há que encontrar um ponto de equilíbrio entre os vários actores do sistema de ensino-aprendizagem: escola, professor e aluno;
  • É preciso reconhecer as necessidades específicas dos estudantes;
  • É preciso redesenhar um novo ambiente de aprendizagem;
  • É necessário vencer as resistências e enfrentar esta nova realidade.

Se O Imigrante quer chegar ao Nativo Digital tem de mudar. No sentido de um maior sucesso com base na motivação, surge a necessidade de MUDAR.. · Metodologias; · Conteúdos; · Formas de estar e aceitar

Boyd, D. (2008). Why Youth ♥ Social Network Sites: The Role of Networked Publics in Teenage Social Life. In Youth, Identity, and Digital Media: 119–142.

Goldman, S.; Booker, A; McDermott, M. (2008). Mixing the Digital, Social, and Cultural: Learning, Identity, and Agency in Youth Participation. In Youth, Identity, and Digital Media: 185-206.