28/05/09

Média Digitais e Construção da Identidade Social: Comentário e Intervenções no fórum

Comentário: Em mais uma estratégia de grupo, surge a hipótese de alargar leituras. Nesta actividade, tentei escolher o texto que se relacionava com a questão da possibilidade da comunicação móvel ter influência na construção da identidade dos jovens. Quando, antes de ser iniciada, vi o texto entre os outros, senti que seria este onde mais me debruçaria, por ir um pouco mais além do que haviamos discutido e analisado até à data, que se concentrava mais em ambientes online. Mesmo sabendo que iria analisar os conteudos apresentados pelos restantes colegas, a maior concentração foi para a temática do meu grupo. O timing dado para o trabalho foi perfeitamente aceitável e o grupo manifestou uma excelente capacidade de trabalho e organização. Esta estratégia mostrou-se muito válida porque permitiu dividir as leituras e partilhar as ideias entre todos de uma forma que não considero ter sido cansativa. Perante a estrutura pensada previamente, tem toda a coerência a forma como ela a esta altura se apresenta.
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Re: Síntese Grupo 2 por Paula Simões - Sexta, 8 Maio 2009, 15:30
Olá a todos, O texto, que apresenta de uma forma bem elaborada a questão da construção da identidade dos jovens com a intervenção das tecnologias, vem dar continuidade ao muito que aqui temos "falado" sobre o assunto. No entanto, há uma questão que coloco em causa. Será mesmo que os jovens pretendem aprender HTML no sentido de aumentar a auto-estima? Para desenvolver competências de construção? Sendo sincera, não creio. Os jovens pretendem sim um espaço interactivo com o seu grupo de pares, em que o feed-back é realmente importante, mas procuram-no de forma fácil. Hoje perguntava numa turma de alunos com 13 anos se tinham blogs, porque o faziam, o que lá colocavam... Das muitas respostas semelhantes, como encontrar amizades e comunicar com amigos, saltou a resposta do Diogo..."é para mostrar a minha classe" e, quando ironicamente abordado por uma colega sobre "que classe"?, ele manifestou preocupação com algo do género..."não achas??" Ora esta situação mostrou perfeitamente a necessidade do feed -back positivo, o elogio como é referido no texto, com vista à auto-promoção, a motivação para seguir em frente. Por outro lado, a promoção da audiência através de recursos quase "publicitários" como a cor, as músicas e a utilização de celebridades, são um sintoma de necessidade daquele feed-back. Avaliação externa e interna contribuem para a construção do "eu". Paula >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<>
por Paulo Azevedo - Domingo, 10 Maio 2009, 23:52 Muitos parabéns aos colegas do grupo 3 pela síntese feita.
Olá caro Rui. Devo dizer que não partilho das tuas reservas e eu sei que não te importas que eu dê a minha opinião sobre o que disseste. Vejamos o que acontece com os jovens adolescentes nos espaços físicos actuais (atómicos como diz Negroponte): eles juntam-se em "bandos" porque se identificam com os jovens que acompanham ou porque têm comunhão de interesses ou porque procuram uma identidade. Não é muito diferente nas redes sociais (de bits). É normal que eles elaborem sobre o seu perfil, procurando os seus próprios ideais de identidade, aquilo que querem ser. Os perfis existentes no MySpace não são sempre inteiramente fictícios, como sugeres, mas, como é referido no texto, muitas vezes são "inventadas informações pessoais", algumas vezes como uma questão de defesa da esfera privada, outras vezes é "um faz de conta" que ilustra um desejo sobre o que se gostaria de ser, ou uma manifestação de identificação com o grupo a que se pertence ou quer pertencer. Na vida real os jovens também exercitam esta busca de identidade, vestindo-se como as celebridades que adoram, ou simplesmente como os colegas e amigos, mudando a maneira de falar, usando determinado vocabulário. Mas isso são os ensaios da identidade naturais na adolescência (tanto no mundo digital como no real). Tenho alguns alunos que têm páginas no Hi5, por exemplo, e que as usam como uma outra forma de se manterem ligados aos amigos da escola ou de outros lugares. Eles conhecem-se uns aos outros e não precisam revelar de onde são ou onde vivem, mas revelam os seus gostos pessoais (música, celebridades do mundo da música e dos filmes). É verdade que os pais têm tendência a super-proteger os filhos. Muitos pais querem que os seus filhos sejam mais perfeitos que eles. Muitos pais cometerem os maiores erros na adolescência e apenas querem que os filhos não os cometam, criando limites, não explicando, não se abrindo, apenas impondo. E o que muitas vezes acontece é que os filhos acabam por cometer os mesmos erros e os adultos não compreendem porquê. É, também, uma realidade a enorme contradição da sociedade de hoje, que é referida no texto: "vende-se" sexo, violência e drogas aos adolescentes (na TV, na Internet, nas revistas, nos video-jogos), mas a sociedade impõe limites à liberdade dos adolescentes. Que grande contradição! Aqui Rui, aqui é que reside a causa, associada ao não acompanhamento ou o mau acompanhamento por parte dos pais, de alguns casos de violência que referes. É só revermos as parangonas jornalísticas e os artigos que as acompanham para verificarmos que as causas da violência que referes não têm origem nas redes sociais. Podem passar por lá as demonstrações ou os anúncios de actos violentos (como passam em muitos lugares reais em todo o mundo), mas as causas desses comportamentos patológicos são outras. Um abraço Paulo Azevedo
  • A primeira intervenção vem colocar uma questão importante. Muitas vezes cai-se no erro, a meu ver, de que os jovens pretendem uma melhor performance na elaboração dos seus sites. Na realidade, há que combater esta ideia porque, maioritariamente, os jovens pretendem uma receita simples, rápida e com os resultados pretendidos. Aqui referi essa situação, em contraponto ao que havia sido referido em outras intervenções.
  • Na segunda intervenção são referidos aspectos de base. Aquando da construção do seu site, A possibilidade de defesa ao "inventar", pelo jovem, de informações, o "faz de conta" a identificação com o grupo de iguais por um lado e a grande importância que o acompanhamento por adultos tem pelo outro. O mau ou não acompanhamento dos jovens neste processo, como refere o Paulo, pode trazer consequências inevitáveis e muito desagradáveis, pessoais ou sociais. _______________________________________

Texto 1 Weber, S.; Mitchell, C. (2008). Imaging, Keyboarding, and Posting Identities: Young People and New Media Technologies. In Youth, Identity, and Digital Media: 25-47.

Texto 2 Stern, S. (2008). Producing Sites, Exploring Identities: Youth Online Authorship. In Youth, Identity, and Digital Media: 95-117.

Texto 3 Boyd, D. (2008). Why Youth ♥ Social Network Sites: The Role of Networked Publics in Teenage Social Life. In Youth, Identity, and Digital Media: 119-142.

Texto 4 Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.

Texto 5 Goldman, S.; Booker, A., & McDermott, M. (2008). Mixing the Digital, Social, and Cultural: Learning, Identity, and Agency in Youth Participation. In Youth, Identity, and Digital Media: 185-206.

Texto 6 Yardi, S. (2008). Whispers in the Classroom. In Digital Youth, Inovation, and the Unexpected: 143-164.

26/05/09

Média Digitais e Construção da Identidade Social

Competências: Analisar e discutir o papel dos media digitais na construção da identidade social dos jovens.
Actividade:Leitura e elaboração de uma síntese de um texto de Gitte Stald, em grupo a apresentar no fórum, para posterior discussão conjunta com os outros grupos e respectivos trabalhos.

Neste artigo, Gitte Stald, propõe-se reflectir sobre a importância do telemóvel enquanto meio de comunicação privilegiado dos jovens e a sua influência nos processos de afirmação e construção de identidade social. O telemóvel tem um valor simbólico imediato, de grande poder para os jovens. Para os adolescentes o telemóvel, ao contrário dos adultos, simboliza muito mais do que sua função prática pressupõe. Assume-se como um meio de comunicação de duplo significado, enquanto ferramenta e canal para a troca de informação e instrumento de socialização que decorre desse processo. O aparelho em si dá-nos sinais sobre a identidade do seu utilizador. A questão do “estar presente” prende-se com 3 percepções mutuamente relacionadas. A percepção da presença num espaço partilhado (quer seja físico, virtual ou psicológico); a capacidade de estar, simultaneamente, "presente" em mais que um sítio; a potencial perturbação provocada por um telemóvel em situações sociais. Os jovens estão sempre noutro local, potencialmente, diferente do local físico em que se encontram. Embora eles considerem um ideal normativo de comportamento em relação ao uso do telefone (no contexto de família ou amigos), o telemóvel acaba por “afastar” as pessoas com quem se está, dada a necessidade de verificar se há mensagens ou de responder a uma chamada. Não é possível estar realmente em dois sítios ao mesmo tempo. O uso da linguagem, a sua forma actual de interagir nos diálogos provoca um suporte que mantem a existência dos grupos sociais, bem como um sentimento de pertença a um grupo. Os jovens vivem num período que se caracteriza por um sentido colectivo e pessoal de fragmentação e incerteza. O telemóvel serve como ferramenta pessoal predominante para coordenação dos dias, para a actualização de cada um nas redes sociais e para a partilha colectiva de experiências. É assim o mediador de significados e emoções que pode ser extremamente importante na formação da identidade nos jovens. A necessidade de aprender a gerir e desenvolver a identidade pessoale a importância da ligação social é facilitada pelo telemóvel. Daí se falar de "indentidade móvel". A constante negociação de valores e representações e a necessidade de se identificarem com os outros resulta numa fluidez de identidade. A constante disponibilidade e presença associados ao telemóvel demonstra quão importante ele é. Reforça e aumenta um ritmo de comunicação intenso e de experiências emocionais e intelectuais. O telemóvel é uma ferramenta importante que permite a uma pessoa estar no controlo, mas ao mesmo tempo tem-se tornado mais importante ser-se capaz de controlar o equipamento. Numa comunicação por telemóvel está-se fisicamente presente num espaço, mas mentalmente presente em um outro. Ele proporciona um sentimento de proximidade e segurança numa determinada situação, chegando a ser comparado a um “guarda-costas” simbólico. Um outro aspecto prende-se com a função do telemóvel como uma ligação pessoal, uma espécie de diário de vida que guarda momentos, memórias, pensamentos de uma forma visual e textual. O telemóvel acaba por ter também uma função de bloggmovél privado que pode ser partilhado com amigos. Permite documentar experiências pessoais com som, imagens e video e é um equipamento que está sempre presente, disponível, no local onde uma situação acontece. É assim uma ferramenta chave para capturar momentos, armazenar informação e documentar experiências. O telemóvel funciona também como um tipo de diário digital que é alegremente partilhado com amigos, mas também pode ser concebido como uma extensão do corpo e da mente e até mesmo um tipo de “eu” adicional. Ele representa uma linha para a auto percepção e há quem argumente que o utilizador do telemóvel é um tipo de cyborg. Os jovens experimentam uma certa simbiose com os seus telemóveis, em que o equipamento físico se torna entendível como uma representação do significado pessoal e de identidade. Não se trata tanto do equipamento, mas sobretudo do conteúdo que por exemplo o cartão SIM contém. O número de telemóvel, numa mudança de equipamento mantém-se inalterado, uma vez que os jovens consideram ser é o código para as relações sociais e íntimas. Como instrumento de aprendizagem social, pode ser entendido como aprendizagem aquando das interacções sociais e assim aprendizagem das normas sociais. Estas normas estão em constante testagem e modificação pelos jovens. Como elemento causador muitas das vezes de distúrbio em situações de comunicação face a face, o telemóvel é utilizado contra as regras em ambientes públicos, por exemplo quando se utiliza em conversas demasiado altas, ou em locais como restaurantes, embora estas situações variem com as culturas. Por outro lado, há uma moderação e ensino do bom comportamento entre os jovens. Cada troca comunicativa envolve negociação de normas sociais e assim a identidade do grupo. Embora as normas variem entre os grupos, os comportamentos sociais reflectem as normas colectivas. Verifica-se que uma negociação mútua das normas sociais é qualidade básica da identidade do grupo para uma integração na comunidade.

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Texto 4 Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.