26/05/09

Média Digitais e Construção da Identidade Social

Competências: Analisar e discutir o papel dos media digitais na construção da identidade social dos jovens.
Actividade:Leitura e elaboração de uma síntese de um texto de Gitte Stald, em grupo a apresentar no fórum, para posterior discussão conjunta com os outros grupos e respectivos trabalhos.

Neste artigo, Gitte Stald, propõe-se reflectir sobre a importância do telemóvel enquanto meio de comunicação privilegiado dos jovens e a sua influência nos processos de afirmação e construção de identidade social. O telemóvel tem um valor simbólico imediato, de grande poder para os jovens. Para os adolescentes o telemóvel, ao contrário dos adultos, simboliza muito mais do que sua função prática pressupõe. Assume-se como um meio de comunicação de duplo significado, enquanto ferramenta e canal para a troca de informação e instrumento de socialização que decorre desse processo. O aparelho em si dá-nos sinais sobre a identidade do seu utilizador. A questão do “estar presente” prende-se com 3 percepções mutuamente relacionadas. A percepção da presença num espaço partilhado (quer seja físico, virtual ou psicológico); a capacidade de estar, simultaneamente, "presente" em mais que um sítio; a potencial perturbação provocada por um telemóvel em situações sociais. Os jovens estão sempre noutro local, potencialmente, diferente do local físico em que se encontram. Embora eles considerem um ideal normativo de comportamento em relação ao uso do telefone (no contexto de família ou amigos), o telemóvel acaba por “afastar” as pessoas com quem se está, dada a necessidade de verificar se há mensagens ou de responder a uma chamada. Não é possível estar realmente em dois sítios ao mesmo tempo. O uso da linguagem, a sua forma actual de interagir nos diálogos provoca um suporte que mantem a existência dos grupos sociais, bem como um sentimento de pertença a um grupo. Os jovens vivem num período que se caracteriza por um sentido colectivo e pessoal de fragmentação e incerteza. O telemóvel serve como ferramenta pessoal predominante para coordenação dos dias, para a actualização de cada um nas redes sociais e para a partilha colectiva de experiências. É assim o mediador de significados e emoções que pode ser extremamente importante na formação da identidade nos jovens. A necessidade de aprender a gerir e desenvolver a identidade pessoale a importância da ligação social é facilitada pelo telemóvel. Daí se falar de "indentidade móvel". A constante negociação de valores e representações e a necessidade de se identificarem com os outros resulta numa fluidez de identidade. A constante disponibilidade e presença associados ao telemóvel demonstra quão importante ele é. Reforça e aumenta um ritmo de comunicação intenso e de experiências emocionais e intelectuais. O telemóvel é uma ferramenta importante que permite a uma pessoa estar no controlo, mas ao mesmo tempo tem-se tornado mais importante ser-se capaz de controlar o equipamento. Numa comunicação por telemóvel está-se fisicamente presente num espaço, mas mentalmente presente em um outro. Ele proporciona um sentimento de proximidade e segurança numa determinada situação, chegando a ser comparado a um “guarda-costas” simbólico. Um outro aspecto prende-se com a função do telemóvel como uma ligação pessoal, uma espécie de diário de vida que guarda momentos, memórias, pensamentos de uma forma visual e textual. O telemóvel acaba por ter também uma função de bloggmovél privado que pode ser partilhado com amigos. Permite documentar experiências pessoais com som, imagens e video e é um equipamento que está sempre presente, disponível, no local onde uma situação acontece. É assim uma ferramenta chave para capturar momentos, armazenar informação e documentar experiências. O telemóvel funciona também como um tipo de diário digital que é alegremente partilhado com amigos, mas também pode ser concebido como uma extensão do corpo e da mente e até mesmo um tipo de “eu” adicional. Ele representa uma linha para a auto percepção e há quem argumente que o utilizador do telemóvel é um tipo de cyborg. Os jovens experimentam uma certa simbiose com os seus telemóveis, em que o equipamento físico se torna entendível como uma representação do significado pessoal e de identidade. Não se trata tanto do equipamento, mas sobretudo do conteúdo que por exemplo o cartão SIM contém. O número de telemóvel, numa mudança de equipamento mantém-se inalterado, uma vez que os jovens consideram ser é o código para as relações sociais e íntimas. Como instrumento de aprendizagem social, pode ser entendido como aprendizagem aquando das interacções sociais e assim aprendizagem das normas sociais. Estas normas estão em constante testagem e modificação pelos jovens. Como elemento causador muitas das vezes de distúrbio em situações de comunicação face a face, o telemóvel é utilizado contra as regras em ambientes públicos, por exemplo quando se utiliza em conversas demasiado altas, ou em locais como restaurantes, embora estas situações variem com as culturas. Por outro lado, há uma moderação e ensino do bom comportamento entre os jovens. Cada troca comunicativa envolve negociação de normas sociais e assim a identidade do grupo. Embora as normas variem entre os grupos, os comportamentos sociais reflectem as normas colectivas. Verifica-se que uma negociação mútua das normas sociais é qualidade básica da identidade do grupo para uma integração na comunidade.

___________________________________

Texto 4 Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.

Sem comentários: