11/07/09

Análise da Indentidade em Sites Sociais - Intervenções no fórum

por Rui Fernandes - Quarta, 3 Junho 2009, 07:28
VivaOs sites sociais são apenas mais uma das ferramentas virtuais à disposição dos jovens para a sua socialização, para a formação da sua identidade, da procura do "eu", muito embora resulte dos trabalhos efectuados que não se encontram esses "eus" de forma significativa ou, se assim o quisermos identificar, mais facilmente encontramos o que poderíamos designar de "eu" colectivo. Percebe-se, da parte dos jovens, “uma compreensão do mundo, uma identidade partilhada, uma busca de inclusão, um consenso com vista a um interesse colectivo” (Livingstone, 2005).As marcas identitárias foram encontradas por todos os grupos e não representam mais do que o que tinha sido estudado com base nos textos fornecidos na actividade anterior.Encontramos, claramente, uma diferença entre rapazes e raparigas no que respeita ao aspecto gráfico, na apresentação estética. As características identificadas em sites de rapazes são idênticas, maior agressividade em termos de texto e composição gráfica do site, menos identificação pessoal, menos revelações de si próprios, procurando garantir uma maior privacidade. As raparigas com um discurso mais terno e fraterno, com mais preocupações estéticas onde os emoticons se apresentam em grandes quantidades e onde os brilhos, as cores e as sensações parecem estar sempre presentes. Revelam-se mais e parecem não se preocupar com a privacidade identificando muitas delas a escola que frequentam, com todos os riscos que isso pode acarretar, bem como as inúmeras fotografias que se podem encontrar. Denotam aqui algum menor contacto com alguém que lhes tenha permitido uma integração no site dando a conhecer os perigos que daí poderiam advir. Como defendem Goldman e Mcdermott (2008), é importante a criação e a sustentação de um ambiente intergeracional que permita aos jovens a aquisição da capacidade de liderar.As preocupações estéticas, tal como o número de amigos, fives, comentários, são manifestações de afirmação pessoal, parecendo que esta é uma real necessidade. Gostam de sentir-se elogiados e a demonstração de conhecimentos tecnológicos para proporcionar um site agradável ao olho de quem observa, atractivo, é importante na rede social e marcante de uma posição na hierarquia do sucesso.No entanto, as características comuns a ambos os géneros continuam a ocupar um espaço importante de análise. Em ambos os casos, é evidente a necessidade de uma certa afirmação pessoal revelada pela "competição" entre todos pelo ceptro do número de amigos. Verdadeiramente, o número de amigos nem sempre corresponde aquilo que são os comentários, as participações e as interacções registadas. Verifica-se também que a maioria dos amigos está na mesma faixa etária e que a partilha de emoções se traduz em textos escritos com linguagem própria, nem sempre facilitada e com limitações linguísticas que podem ser importantes revelando, certamente, dificuldades em termos de escrita no futuro. Os jovens partilham experiências, encaram os sites como prolongamentos da sua vida, mas não fazem uma única referência à utilização do site com fins pedagógicos ou de aprendizagem.Muitos jovens analisam-se, fazem autocrítica, mostram os seus defeitos e este é um aspecto importante destes sites: a reflexão pessoal. Já Stern (2008), nos seus estudos de análise, referiu que a recompensa mais referida pelos jovens era a da possibilidade que a construção de sites lhes dava de fazerem uma que, de outra forma, dificilmente fariam. Trata-se de um aspecto muito importante, já que confere ao jovem a possibilidade de colocar-se no seu lugar e pensar em função de si próprio e não daquilo que acha que os outros devem "ver".Um aspecto preocupante detectado em vários sites é a diminuta leitura e referência a livros feita pelos jovens. Denota um afastamento que não é positivo em termos sociais e culturais. Outra preocupação é a do não acompanhamento destes espaços pelos educadores, em grande parte dos sites analisados, já que não é de crer que, sendo acompanhados, fosse permitido determinado tipo de linguagem ou comentário desagradável em relação a outrém, como encontramos algumas vezes. Por outro lado, há um ponto comum que é a música, fundamentalmente, anglo-saxónica, que os jovens ouvem e fazem-no em grandes proporções. Ouvem muita música e referem muitos grupos ou cantores conhecidos de todos e outros menos conhecidos do chamado grande público.Até...RF
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por Paula Simões - Quarta, 10 Junho 2009, 16:13
Boa tarde, Após ler atentamente todos os trabalhos apresentados e que considero de grande qualidade, vou aqui referir os aspectos que considero mais marcantes ao nível das marcas identitárias dos jovens em sites sociais sobretudo no hi5. - À vista salta o tipo de linguagem adaptada utilizada e muito pela negativa, o calão de forma persistente e mostra de, como diz o Rui, falta de acompanhamento; - A expressão gráfica presente nomeadamente no hi5, demonstra uma preocupação de gosto pessoal e imprime uma postura perante os outros; - A forma como o hi5 é utilizado para comunicar, partilhar, procurar apoio ou mesmo insultar. Considero que é interessante a forma como estes espaços virtuais "ajudam" os jovens a crescer, mas ao mesmo tempo é assustador a forma como o potencial se pode reverter da pior forma, para humilhar e criar atritos entre os utilizadores. Senão vejamos, como é referido num dos trabalhos mais especificamente, de um amigo do meu amigo eu chego a outros, salvo se os espaços forem privados. Não é de estranhar que uma rapariga algures num hi5 esteja a ser "crucificada" por outras e venha a saber isso por uma amiga distante que por coincidência era conhecida de um amigo que visualizou o referido espaço de maldizer. Parece confuso, mas a rede social a que me refiro é isto mesmo. Sem se darem conta os jovens são conhecido algures bem longe do que imaginam, através da escrita ou de fotos, com ou sem o seu consentimento. O que está a falhar na comunicação verdadeira face to face, está dispersa na rede, quase sem qualquer controlo por parte de ninguém. Daí a necessidade dos jovens se integrarem no grupo pela positiva, se enquadrarem nos moldes aceitáveis do grupo de iguais. Ser rapariga ou rapaz na rede social pode ser diferente, mas as consequências de uma má gestão da interacção podem ser determinantes. Fica a questão que tem sido aqui colocada várias vezes...onde isto vai parar? Que consequências desta evolução algo desregrada terão os jovens de enfrentar no futuro? O Rui já referiu algo neste sentido, fica sempre muito por dizer! *Paula
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  • A escolha da intervenção do Rui, está relacionada com o facto de mostrar um apanhado de quase todo o trabalho feito pelos grupos. Além das características que aponta relacionadas com as diferenças de género, especifica as marcas identitárias presentes nos vários sites e vai mais além com uma análise da relação entre essas marcas e o desenvolvimento pessoal dos jovens.
  • A segunda intervenção escolhida vem acrescentar algo à primeira, sintetiza ideias ressalvando os aspectos mais marcantes dos sites analisados, no seu geral e alerta para aquilo que será o futuro de uma geração algo desenfreada na forma como se expõe e terminando com uma questão importante que deixa em aberto qualquer tipo de discussão sobre as consequências desta evolução tecnológica e a forma como ela é utilizada.

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